4 motivos que me fizeram não gostar de “O Espadachim de Carvão” de Affonso Solano

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Essa vai ser uma resenha diferente dos tipos que eu faço normalmente. Espero que não me cause apedrejamentos por isso! haha
A resenha dessa semana será explicando os motivos pelos quais eu não consegui finalizar o livro “O espadachim de Carvão” de Affonso Solano.

1- Personagens sem profundidade
Uma das coisas que mais me identifico nos livros são os personagens. Eles são a alma da história! E é preciso ter personagens bons o suficiente para te fazer mergulhar naquele mundo novo. É preciso sentir que eles existiram em algum lugar. E os personagens do Espadachim passam longe disso. Não senti absolutamente nenhuma conexão com o personagem principal Adapak. Aliás, com nenhum outro personagem do livro. Acho que a história de todos eles é tratada de forma muito superficial. E não ter uma conexão mesmo que mínima com algum deles, torna tudo mais difícil para o desenvolver da trama. Ponto megamente negativo. 

2- Alternar capítulos entre passado e presente
Não me entenda mal aqui. Eu acho muito rico para a construção de uma história alternar momentos que ocorreram para explicar momentos/ações no presente. Porém, acho que se deve ter um pouco de cuidado ao fazer isso. No Espadachim, temos um capítulo contando o passado do jovem Adapak, intercalado com um próximo capítulo contando a situação presente do personagem. E isso se repete até onde consegui ler. Isso não funcionou para mim porquê além de passar uma sensação de narrativa superficial, não cria aquela expectativa sobre o que vai acontecer nos próximos capítulos. Pelo contrário, fiquei extremamente irritada, pois quando a história estava começando a se desenvolver melhor, o capítulo acabava e erámos obrigados a ler sobre qualquer outra situação vivida pelo personagem no passado. Usar demais dessa artimanha apenas deixou tudo muito confuso e sem conexão.

3- Narrativa confusa
A narrativa confusa acaba que sendo um complemento do tópico acima. Por alternar os capítulos entre passado e presente, a história se perde totalmente. É um exercício mental chato ficar lembrando a todo momento o que aconteceu no capítulo anterior e tentar conectá-lo com o que se está lendo. Fica uma bagunça de história, e acaba por não nos prender na história.

4- Criação de palavras/expressões/cultura
Esse é um dos motivos no qual me deixaram mais chatiada ainda. Eu adoro, com todo meu coração, literatura fantástica. É uma dádiva quando se é escritor, poder inventar um mundo totalmente diferente, com expressões e culturas novas. Adoro Harry Potter, O Hobbit (O Senhor dos Anéis), Jogos Vorazes e outros tantos mais por conta disso. Mas O Espadachim definitavamente não funciona nesse sentido. Eu lembro quando li Maze Runer e fiquei um pouco irritada no início com toda aquela quantidade de nomes novos. Felizmente, tem ritmo naquela história e conseguimos nos adaptar as palavras novas criadas. Isso não acontece no Espadachim. Acaba se tornando uma bagunça de palavras, expressões e culturas novas. Elas são jogadas em cima de ti e você deve se acostumar com elas. Mas não se acostuma e isso cansa com o decorrer das páginas alcançadas, te desanimando tanto a ponto de não conseguir terminar mais o livro.

Devido a esses motivos, eu não consegui ler até o final, não tive curiosidade alguma para saber o que aconteceria a seguir.Eu tentei por duas vezes ler O Espadachim. Detalhe que o livro não é extenso. São apenas 256 páginas, normalmente lidas facilmente numa tarde de domingo.
Fiquei bem decepcionada com o livro em si, em questão de história. Mas preciso destacar os pontos positivos ao meu ver que foram as artes de capa e dos capítulos. Achei muito bem feitos e merecedores de admiração.

Espero que não tenha ficado uma crítica muito dura. Acredito muito nos escritores nacionais de literatura fantasiosa. Dificilmente essa crítica chegará até o Affonso, mas espero que os próximos livros sejam melhores e me façam ficar suspirando em cima dos personagens. O escritor tem muito potencial, e tenho certeza que as próximas histórias me agradarão 😉

Sinopse

“Filho de um dos quatro deuses de Kurgala, Adapak vive com o pai em sua ilha sagrada, afastada e adorada pelas diferentes espécies do mundo. Lá, o jovem de pele absolutamente negra e olhos brancos cresceu com todo o conhecimento divino a seu dispor, mas consciente de que nunca poderia deixar sua morada. Ao completar dezenove anos, no entanto, isso muda. Testemunhando a ilha ser invadida por um misterioso grupo de assassinos, Adapak se vê forçado a fugir pela vida e se expor aos olhos do mundo pela primeira vez, aplicando seus conhecimentos e uma exótica técnica de combate na busca pela identidade daqueles que desejam a morte dos Deuses de Kurgala.”

Nome: O Espadachim de Carvão
Autor: Affonso Solano
Número de páginas: 256
Ano: 2013
Editora: Fantasy – Casa da Palavra

Publicado em 3 de maio de 2015, em Listas, Livros Nacionais, Resenhas e marcado como , , , , , , , , , . Adicione o link aos favoritos. 4 Comentários.

  1. CONCORDO PLENAMENTE.

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  2. “É um exercício mental chato ficar lembrando a todo momento o que aconteceu no capítulo anterior e tentar conectá-lo com o que se está lendo.”

    Pra falar uma coisa dessas só posso achar que nunca leu literatura fantástica alguma. Em GoT algo acontece no capitulo 1 e só vai voltar a ser lembrado em outro livro, em WoT isso acontece ( e muito). Até em o Hobbit isso acontece… o básico da leitura é você se lembrar do que está lendo e criticar isso só mostra que não leu com atenção .-.

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    • Adoro GoT, adoro Hobbit… E nenhum deles me fez querer largar a história diversas vezes. Talvez tenha me expressado mal naquele trecho, mas realmente não gostei da história e nem da maneira como foi feita. Acredito que por ter abandonado a leitura diversas vezes e um tempo depois voltado a ler, me fez escrever isso. Minha memória já não servia mais, e era mesmo um exercício mental chato. Mas paciência. O que achaste do livro, Lucas? Conte-me. Talvez me dê vontade de mais uma tentativa.

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  3. ALEXANDRE LINS DE LIMA

    Partilho de todos seus pontos de vista, mas eu enfrentei até o fim

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